segunda-feira, 13 de maio de 2013

Em lançamento de livro sobre governo do PT, Lula diz que 'presidente não pode contar tudo'


Durante evento na noite desta segunda-feira (13) para o lançamento do livro "Dez Anos de Governos Pós-Neoliberais no Brasil: Lula e Dilma", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que decidiu não ser o autor do livro porque não poderia contar tudo o que aconteceu no seu mandato.

"Todo presidente escreve seu livro, e eu fiquei pensando: nenhum presidente pode escrever um livro de verdade porque um presidente não pode contar tudo o que aconteceu no seu mandato", disse Lula. "Então eu decidi não escrever o livro. Fizemos um livro que não é meu, mas que tem uma entrevista minha. Se não seria uma biografia meia-boca", completou.
Embora não tenha usado a expressão "mensalão", Lula se referiu ao escândalo como uma fase difícil de seu governo.

"Em 2005, quando a imprensa dizia que o governo Lula tinha acabado, eu decidi: não vou fazer como Getúlio, que deu um tiro na cabeça", disse o ex-presidente.

Na entrevista publicada no livro, Lula se refere ao mensalão como um dos "muitos tropeços" do governo. "Tivemos tropeços, é lógico. Muitos tropeços. O ano de 2005 foi muito complicado. Quando saiu a denúncia, foi uma situação muito delicada. Se não tivéssemos cuidado, não iríamos discutir mais nada do futuro, só aquilo que a imprensa queria que a gente discutisse", disse Lula (página 14).

No livro, a palavra "denúncia" vem acompanhada da seguinte nota de rodapé: "Denúncia feita pelo então presidente do PTB, Roberto Jefferson, de que o PT teria repassado dinheiro a parlamentares para a aprovação de matérias de seu interesse na Câmara".

O livro, lançado pela editora Boitempo, é uma coletânea de artigos organizada pelo sociólogo Emir Sader. O evento, que foi realizado no CCSP (Centro Cultural São Paulo), na zona sul da capital paulista, contou ainda com a presença do economista Marcio Pochmann e da filósofa Marilena Chauí, que têm artigos no livro.

"Nova classe média"

A "redução da desiguldade, da miséria e da pobreza" durante os dez anos de governo do PT foi lembrada por Emir Sader durante sua apresentação, assim como por Marcio Pochmann, que falou da "coragem e ousadia" do partido para inverter prioridades e "começar distribuindo", em vez de "primeiro crescer para depois distribuir".

Já Marilena Chauí falou da "revolução social" por que passou o Brasil. Contrariando a existência de uma "nova classe média" --conceito defendido por Lula e Dilma--, Chauí que o que houve foi a expansão da classe trabalhadora, que "conquistou seus direitos".

"Não há no Brasil uma nova classe média. Existe no Brasil uma nova classe trabalhadora, que é resultado das políticas econômicas contra o neoliberalismo. Essa nova classe trabalhadora é complexa e precisa ser estudada. Ela é o sujeito político da próxima década. A classe não mudou de lugar: ela apenas conquistou seus direitos."

Em seguida, a filósofa disparou que esses trabalhadores em ascensão não poderiam ser chamados de "nova classe média" porque a classe média é uma "abominação política", "fascista", "terrorista" e "ignorante. Informações da Folha Uol.

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