Popularidade
é uma coisa e voto é outra
Em
suas andanças pelo Brasil, o governador Eduardo Campos vez por outra é
questionado sobre se não teme enfrentar Dilma Rousseff nas eleições do próximo
ano. É que a presidente da República, segundo a última pesquisa do Ibope, tem
56% de intenções de voto à reeleição, ao passo que ele, governador de
Pernambuco, tem apenas 6%. Isso sem falar também que 86% dos brasileiros
pesquisados disseram aprovar o jeito dela de governar o Brasil, algo nunca
visto nos últimos 20 anos.
Não
se sabe o que pensa o governador a respeito desses dois temas. Mas popularidade
é uma coisa é voto é outra muito diferente. Não só em Pernambuco, mas no país
inteiro, há exemplos de governantes muito populares que perderam a eleição. Um
deles foi o então governador Jarbas Vasconcelos, que tinha mais de 60% de avaliação
positiva quando renunciou ao cargo em 2006 para disputar vaga no Senado, mas
não conseguiu eleger o seu candidato, Mendonça Filho, derrotado pelo PSB.
Outro
exemplo de que popularidade não é voto é a campanha presidencial de 2010. Lula
estava saindo do governo com mais de 70% de avaliação positiva e apresentou
como candidato à sua sucessão sua então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Pois bem, ela obteve no primeiro turno apenas 44% dos votos válidos. Trazendo o
exemplo para o plano local, o próprio Eduardo Campos tinha no Recife em 2012
mais de 90% de aprovação, mas seu
candidato, Geraldo Júlio, obteve apenas 51%.
Lógica 1 -
Aécio Neves ainda não encontrou o “eixo” do discurso que será capaz de
impulsionar sua candidatura a presidente da República. Dizer, como disse em SP,
que o que move o governo Dilma “é a lógica da reeleição” é o óbvio do óbvio.
Qual governante não deseja reeleger-se?
Lógica 2 -
Dilma está lutando pela reeleição com as mesmas armas que o tucano Fernando
Henrique Cardoso lutou quando era presidente da República: dando ministérios
aos partidos aliados. Sem contar que a emenda da reeleição foi patrocinada, à
época, pelo próprio FHC.
As pontes -
Eduardo Campos foi recepcionado ontem em São Paulo pelo deputado federal e
presidente estadual do PSB, Márcio França, ex-prefeito de São Vicente e
ex-secretário de turismo do governo Geraldo Alckmin. França já fez a “ponte”
do PSB com o PSDB paulista e está empenhado agora em levar o ex-prefeito José
Serra para o projeto nacional do seu partido.
A proposta -
Roberto Magalhães vai procurar pessoalmente o presidente nacional do DEM,
senador José Agripino (RN), para propor-lhe uma aliança desse partido com o PSB
à sucessão presidencial. Eles foram governadores na mesma época (1983-1986) e
apoiaram a candidatura de Tancredo Neves para presidente da República, em 1985,
em oposição à de Paulo Maluf.
Dnocs 1 - Há
17 anos o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) não constrói
uma nova barragens em Pernambuco, o que é um absurdo em se tratando de um
órgão com este nome. As últimas foram Serrinha (1996), em Serra Talhada, e
Jucazinho (1998), em Caruaru.
Dnocs 2 -
Além de ter ficado em obras durante mais de 40 anos (outro absurdo!), a
barragem de Serrinha foi inaugurada há 17 pelo então presidente FHC e até hoje
o Dnocs não distribuiu os lotes com os agricultores do Sertão do Pajeú que
desejam usar a água para fins de irrigação.
O Pacto -
Geraldo Júlio (PSB) estará hoje no Centro Educacional Paulo Freire discutindo
com o secretariado municipal o “Pacto pela Vida” do Recife. Ele se rendeu aos
argumentos do secretário de Segurança Urbana, Murilo Cavalcanti, de que nas
grandes metrópoles do mundo (Nova York, Bogotá, etc.), onde a violência foi
vencida, o poder público municipal atuou firme.
A gratidão -
Lula continua sendo estimulado por petistas de SP a “declarar guerra” de
imediato a Eduardo Campos, mas parece não querer briga com o governador de
Pernambuco. Ele certamente não esquece que o governador “rifou” a candidatura
de Ciro Gomes em 2010 para apoiar Dilma Rousseff.
O fracasso - Já
o “cerco” do Palácio do Planalto aos governadores do PSB revelou-se ineficaz,
pelo menos até agora. É que Cid Gomes (CE) e Ricardo Coutinho (PB) declararam
alto e bom som para quem quisesse ouvir que adoram Lula e Dilma, mas seguirão a
posição do partido, qualquer que seja ela.
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