domingo, 3 de março de 2013

Se o PSB não o quiser, FBC vai para o PT




Sem mover uma palha, o ministro Fernando Bezerra Coelho viu crescer o seu cacife na Frente Popular para tornar-se o seu candidato à sucessão de Eduardo Campos em 2014. Todo mundo sabe que o ministro vem trabalhando há muitos anos para ser governador de Pernambuco. Mas apareceu uma pedra no seu caminho em 2012 que foi a derrota do seu filho, Fernandinho, na disputa eleitoral pela prefeitura de Petrolina, que é o seu principal reduto. Isso não o tirou do jogo, mas fragilizou-o.
Com esse revés, ele ficou menos forte, internamente, para brigar com o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar, que estaria sendo trabalhado pelo governador para disputar a sua sucessão. O ministro não lhe faz restrições. Mas poderia alegar no fórum decisório que tem mais rodagem do que ele para assumir o governo estadual. Em caso de preterição, brigaria pela vaga de senador. Mas isso também não seria fácil porque a vaga teria sido prometida a Jarbas Vasconcelos na eleição de 2012.

Sem a garantia, portanto, de que seria candidato a governador ou ao Senado pelo PSB, eis que lhe aparece uma alternativa: disputar o governo pelo PT com o apoio de Lula/Dilma se Eduardo for mesmo candidato ao Palácio do Planalto. O ministro tem histórico de pragmatismo. Deixou Roberto Magalhães em 86 para aliar-se a Arraes, deixou Arraes em 2002 para aliar-se a Jarbas e deixou Jarbas em 2006 para aliar-se a Eduardo. Uma troca a mais ou a menos não faz diferença em seu currículo.
A exaltação - O ministro Fernando Bezerra foi uma das estrelas do seminário que o PSB fez em Gra­vatá, na semana passada, para todos os prefeitos pernambucanos. E em seu discurso de 20 minutos ele exaltou muito mais o governo da presidente Dilma do que o de Eduardo Campos.

A futurologia - Parti­dários do ministro da Inte­gração já traçam o seguinte cenário para as eleições de 2014: com ele no páreo pelo PT, o senador Armando Monteiro pelo PTB e o candidato do governador, inevitavelmente haveria dois turnos “e o 2º turno é uma nova eleição”.

Veto 1 - Novo mandachuva do PT de Pe­trolina, o deputado Oda­cy Amorim não faz nenhum tipo de restrição à entrada de Fer­nando Bezerra no partido. Ele foi o vice dele quando o atual ministro elegeu-se prefeito pela 3ª vez (2004) e conhece bem o seu estilo de trabalho. Já a deputada Isabel Cristina também não o veta porque foi vice dele no 2º mandato (2001-2004).

Veto 2 - O senador Humberto Costa e o deputado João Paulo receberiam de braços abertos o ministro Fernando Bezerra Coelho no PT porque nenhum dos dois tem interesse em disputar o governo estadual em 2014 contra o candidato de Eduardo Campos. Caso essa hipótese de confirme, o ministro vai exigir que o ex-prefeito do Recife seja o seu candidato a senador.

Articulação 1 - Além de ter recebido, no Recife, para uma troca de opiniões sobre a sucessão presidencial, os governadores Jaques Wagner (BA), Wilson Mar­tins (PI) e Renato Casagran­de (ES), Eduardo Campos tem conversado muito com líderes do PTB, PDT, PPS, PSD e DEM.

Articulação 2 - Ins­pirado no irmão, Fer­nando, recentemente falecido, que era um articulador nato, o vice-governador João Lyra Neto também está trabalhando duro em prol de Eduardo Campos. Por sua própria conta e risco, ele já procurou muita gente daqui e de outros estados.
O bolo - Lula contou 5ª à noite em Fortaleza que passou grande parte de sua vida em reunião com economistas “e eles dizendo que era preciso crescer o bolo para depois distribuir”. Mas no “milagre econômico” dos anos 70 o bolo cresceu, disse ele, e só sobraram “migalhas” para os trabalhadores. Ele não perdoa os economistas do PT por terem previsto o fiasco do Plano Real.
As prévias - Chateado com o PSDB porque o partido não fará prévias para a escolha do seu candidato a presidente da República, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) poderá acabar na canoa do governador Eduardo Campos. O PSB tinha a prefeitura de Curitiba mas perdeu-a em 2012 para Gustavo Fruet (PDT).
A contradição - En­quanto Cid Gomes (CE) insiste na tese de que o vice de Dilma em 2014 deveria ser Eduardo Campos, seu irmão Ciro (PSB) diz o contrário: que o PMDB não abrirá mão de indicar de novo Michel Temer porque está mais fortalecido com as presidências da Câmara e do Senado.
Coluna Fogo Cruzado/Inaldo Sampaio

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