A
médica Virgínia Soares de Souza, chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do
Hospital Evangélico, em Curitiba (PR), presa em 19 de fevereiro sob a acusação
de colaborar na morte de pacientes, também foi acusada, no dia 24, de ter
desligado o aparelho que mantinha vivo o então marido e ex-chefe da UTI, Nelson
Mozachi. A denúncia consta do processo oficial, ao qual o Estado teve acesso.
"Ela
desligou o oxigênio do próprio marido que estava internado e veio a
falecer", diz um dos depoimentos. A autora, que não é identificada na
denúncia, teria trabalhado com a médica em 2006, ano da morte de Mozachi, que
sofria de câncer do intestino e tinha problemas cardíacos.
Segundo
o advogado de defesa da médica, Elias Mattar Assad, trata-se de "mais uma
acusação caluniosa". "Esse tipo de crime é muito grave e não se prova
com uma denúncia. Isso é um falso testemunho, uma acusação caluniosa e essa pessoa
terá de provar o que está dizendo", afirmou ontem.
O
outro ex-marido de Virgínia Soares, o médico cardiologista Nelson Marcelino,
também desqualificou a acusação. "Não há como um leigo saber como se usa
ou que critérios são adotados para se usar o oxigênio na UTI. Como uma pessoa
pode avaliar, analisar de forma científica, o uso maior ou menor desse
oxigênio? Isso é uma idiotice, é algo sem fundamento", afirmou.
O
depoimento da testemunha ocorreu na delegacia do Núcleo de Repressão a Crimes
Contra a Saúde (Nucrisa), às 20 horas. No documento oficial, a chefe da UTI
ainda é ligada à prática de eutanásia de forma rotineira. "No dia em que
ela mandava 'lavar e fazer limpeza geral', podia saber: logo começavam a descer
cadáveres do quarto andar."
Na
próxima segunda-feira, a delegada Paula Brisola, do Nucrisa, pretende entregar
o inquérito, com cerca de mil páginas, segundo informou a polícia ao Ministério
Público do Paraná. As investigações tiveram início em março do ano passado,
após cinco ligações feitas anonimamente para a Ouvidoria do Estado.
Em
seguida, as reclamações foram encaminhadas ao MP e o Nucrisa assumiu as
investigações. Essa investigação foi feita com base em denúncias de pessoas que
trabalharam na UTI e nos depoimentos de familiares de pacientes mortos na UTI,
além do uso de interceptações telefônicas (32 horas de conversas) com
autorização judicial. Há ainda cinco prontuários de pessoas mortas entre 24 e
28 de janeiro.
Procurada
para comentar as denúncias, a polícia alegou que não terminou as investigações.
O MP não vai se pronunciar.
Prisão.
Virgínia segue presa na Penitenciária Feminina de Piraquara, na Grande
Curitiba. Quatro colegas dela estão detidos no Centro de Triagem, na capital
paranaense.
Msn.com
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