Acabei
de sofrer a maior dor da minha vida: enterrar a minha mãe, Dona Margarida. Não
fosse a fé que tenho em Deus e na vida eterna confesso que o sofrimento teria
sido insuportável. Mas a mão divina ajuda a superar qualquer dor, por maior que
seja. Mamãe morreu sem dar trabalho a ninguém, na solidão da sua casa, em
Afogados da Ingazeira, aos 85 anos.
Seu
corpo foi encontrado por Marcelo, um dos meus irmãos, às quatro da manhã num
sofá da sala. Embaixo dele, uma cartela de um remédio para enjoo. Ao invés de
acordar o filho, resolveu se medicar sozinha, porque era muito independente,
não gostava de incomodar ninguém, nem mesmo os filhos.
Não
sabia que estava sofrendo um infarto, que de forma fulminante tirou a sua vida.
Mamãe teve nove filhos, que lhe deram 22 netos e sete bisnetos. Morreu no dia
27 de fevereiro, data de aniversário de outro filho, Gastão, o caçula dos
homens. Na véspera da sua morte, sentada numa cadeira na calçada de sua casa,
ela chegara a lembrar do aniversário do meu irmão no dia seguinte, mas com uma
triste lembrança.
Recordou
que, há 47 anos, quase morria de uma hemorragia no parto de Gastão Filho, que
completou os 47 anos exatamente no dia da sua morte. Desígnios de Deus! Não há
o que concluir diferente. Mamãe era uma pessoa alegre, de bem com a vida,
radiava uma energia tão gostosa que contagiava qualquer um.
E
amada não apenas pelos filhos, meu pai Gastão e familiares. Ontem, durante o
velório, e hoje no sepultamento, pude ter a exata dimensão de como era querida
também pelas amigas da sua geração e até as mais novas, que lotaram a nossa
casa, levando conforto espiritual. Uma multidão acompanhou o seu enterro,
realizado, há pouco, debaixo de um sol de 40 graus.
Atendemos
ao seu pedido. Não houve cânticos na sua despedida. Passamos em frente à
Igreja, onde ela me levava, garoto, para assistir à missa em seu colo e depois
dormir sob o calor e o conforto do seu amor.
Que
dor! A dor da saudade. Sabemos que ela está com o pai celestial. Difícil será
aguentar a saudade.
Saudade
do seu beijo, dos seus abraços, da sua alegria, do seu riso, dos seus puxões de
orelha. Sim, diferente do meu pai, ela dava carão nos filhos com uma autoridade
ímpar. Era o retrato fiel do seu pai Severo, meu avô, homem duro no trato,
implacável nas suas decisões, de uma personalidade forte, bem coronel, para ser
mais preciso.
Mas,
como mamãe, doce, cativante e amoroso. Ao observar tanta gente nos consolando,
seja no velório, no enterro ou em mensagens no face e no blog, lembrei-me de
Rubem Alves. As palavras de consolo, segundo ele, são ditas no pressuposto de
que têm poder para diminuir o vazio que a morte deixa.
Todos
querem diminuir nosso sofrimento. Cercam-nos com palavras que, pensam eles,
trarão algum consolo. Mas que palavra ou poema poderá substituir a mãe que se foi?
Nenhuma!
São inúteis, volto a repetir. A morte, por mais conhecimento e fé que tenho em relação à vidaeterna, a vida após a morte, é uma dor que nenhuma palavra pode conter.
São inúteis, volto a repetir. A morte, por mais conhecimento e fé que tenho em relação à vidaeterna, a vida após a morte, é uma dor que nenhuma palavra pode conter.
Só
sabe o que é a dor aquele que a está sentindo, no presente. Nenhuma dor é a
mesma. Cada dor é única. Dor não tem jeito de explicar, porque tudo que é
sentimento é inexplicável. O estado normal da alma é não ter dor. Deus, na sua
onisciência, estabeleceu um plano de salvação para os homens.
Pela
sua fé, pela sua vida ereta diante do Salvador, minha mãe está incluída neste
plano. Aos que postaram mensagens de condolências aqui, no face, aos que me
ligaram, muito obrigado pela solidariedade.
Aos
que gostam deste blog e admiram minha dedicação ao jornalismo: minha mãe
guerreira tinha um orgulho incomensurável deste seu filho.
E
eu fazia tudo para vê-la feliz!
Blog do Magno Martins
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